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A jogada de «mestre de xadrez» com que Hamilton frustrou o ataque de Vettel

Houve um pequeno truque usado por Lewis Hamilton que conseguiu frustrar as expectativas de Sebastian Vettel em passá-lo no recomeço da corrida da Bélgica, após o período do «safety car» e assumir o comando, quando todos esperavam que o fizesse. O alemão tinha pneus ultramacios no Ferrari, enquanto o britânico tinha os mais lentos macios no Mercedes pelo que, teoricamente, a ultrapassagem eram «favas contadas». Mas Hamilton teve uma jogada de génio originada… num erro!

Ao ver os carros voltarem à pista após a segunda paragem, no período de «safety car» e percebendo-se que se iriam correr apenas dez ou onze voltas, quando se viu Hamilton com os pneus macios e Vettel com um jogo novo de ultramacios logo se pensou que a Ferrari tinha a vitória na mão. Afinal, estes pneus eram cerca de 1,3 s por volta mais rápidos e, no recomeço, com mais poder de tracção, o alemão iria aproveitar o efeito de aspiração na recta Kemmel para passar o Mercedes. Teoricamente…

No final, ouviu-se Vettel dizer «foi por pouco» e Hamilton responder «mas eu levantei o pé» e, ao princípio, achou-se (achámos…) que era até alguma fanfarronice do britânico pela forma como tinha ganho. Sabe-se agora que falavam do recomeço da corrida e de como Hamilton se defendeu do ataque de Vettel com uma jogada digna de um… mestre de xadrez! Mas deixemos Hamilton contar…

«Tive um mau recomeço porque tinha o modo de potência na posição errada e, por isso, não me afastei o que queria. O Sebastian chegou à curva 1 colado à minha traseira e como estava demasiado perto teve de levantar o pé e isso foi fantástico. Quando íamos recta abaixo, levantei ligeiramente o pé do acelerador para que ele se mantivesse bem colado na minha traseira».

Para quem se quer defender e ganhar avanço, isto parece fazer pouco sentido, mas o seu raciocínio estava umas centenas de metros à frente… «Se ele estivesse mais atrás, teria hipótese de ganhar balanço e passar-me depois no cone de ar. Era isso que ele queria mas foi o que eu não lhe dei. Por isso, assim que chegámos ao topo da subida, ele estava tão colado que teve de sair logo para o lado e ficou à mercê de toda a resistência do ar, tal como eu estava, portanto não teria hipótese. Fiquei bem satisfeito com essa manobra!».

Ou seja, obrigando Vettel a estar colado na sua traseira, Hamilton impediu o Ferrari de usar o seu cone de ar para ganhar uma diferença de velocidade considerável que teria frustrado qualquer tentativa de defesa. «Foi difícil encontrar o ‘timing’ certo para a ultrapassagem e, vendo agora, talvez estivesse demasiado perto», reconheceu depois Vettel. «Não é uma coisa simples porque também tenho de estar atento a quem vem atrás e se dou demasiado espaço para a frente passo por um tonto que desperdiçou a oportunidade. Mas sim, se tivesse de o fazer de novo talvez tentasse algo diferente».

Foi o momento decisivo na vitória de Hamilton porque segurou o comando, iniciando depois um combate sem tréguas com Vettel. «Foi uma luta fantástica, foram dez voltas de qualificação, intensas, muito rápidas, porque ele também estava muito rápido e tive de me aplicar para me manter à frente», comentou Hamilton. «Mas eu queria tanto vencer esta corrida, já tinha dito que tinha cá para isso e não me ia embora sem a vitória! Era uma sensação muito agressiva…».

E porquê uma diferença tão grande na opção dos pneus, além do facto de a Mercedes não ter nenhum jogo de ultramacios novos como a Ferrari (mas tinha um de supermacios pouco usado)? Toto Wolff explicou: «Houve uma grande discussão e considerou-se que os ultramacios podiam ser bons para atacar durante duas voltas mas que os macios seriam os melhores para o que faltava da corrida. Eu estava preocupado, mas o James Vowles [estratega] não e ele é que sabe, ou os que estão no muro das ‘boxes’. Ele foi muito convincente e provou que estava certo. Mas a decisão mais óbvia eram os ultra…».

Wolff fez ainda referência às opções nas afinações aerodinâmicas do carro que também ajudaram Hamilton a manter a liderança. «Abrimos mão de alguma ‘performance’ no segundo sector na qualificação, sacrificando o apoio aerodinâmico para termos uma melhor afinação para a corrida». (E mesmo assim Hamilton fez aquela «pole» supersónica!). «Assim ficámos com um carro mais rápido nos sectores 1 e 3 e essa foi a decisão certa. A Ferrari usou mais carga aerodinâmica que cria mais resistência ao ar e isso, mais os modos que temos [no motor, depreende-se] permitiu que o Lewis se mantivesse na frente».

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