Lewis Hamilton gostou do que sentiu na corrida do Brasil, ao poder guiar a fundo de princípio a fim, com um motor pleno de potência, sem ter de se preocupar com a gestão da vida útil do seu grupo propulsor. Foi a primeira vez que pôde fazer uma corrida a fundo e isso trouxe-lhe à memória a regra do próximo ano de três grupos propulsores para as 21 corridas. «Não gosto dessa ideia, é péssima… Devíamos poder forçar mais, é a parte do «sprint» que mais falta faz à F1».
O motor que foi montado no seu carro para a corrida (o quinto do ano) apenas terá de fazer mais o G.P. do Abu Dhabi e acredita-se que ainda terá o quarto, aquele que estava a usar, de reserva, pois não terá ficado danificado no acidente da qualificação. Por isso, foi um motor puxado ao máximo, com menos preocupações de fiabilidade que o habitual, como o próprio Toto Wolff reconheceu: «O motor do Lewis tinha alguns ‘pozinhos’, tudo aquilo a que pudemos deitar mão e, em Brixworth, deram-nos os modos máximos de utilização. Quando o carro passava até se ouviam os pistões a ‘bater’!».
Por isso Hamilton passava tão facilmente por todos os seus adversários, inclusive os que tinham motores Mercedes… Ainda mais pelos Red Bull, onde a Renault decidiu usar um modo mais conservador, com menos rotações do turbo para tentar garantir a fiabilidade necessária, o que foi conseguido, embora à custa de tirar a equipa da «equação da vitória». Este super motor não deve, contudo, tirar o mérito da prova exemplar feita por Hamilton que foi para a pista, já em corrida, com um carro em condições que desconhecida e com um motor com um comportamento que ainda não experimentara em condições de corrida.
A tudo isso se adaptou, consegiu terminar a 5,5 s de Vettel mas, acima de tudo, adorou voltar a ter a sensação de atacar de princípio a fim: «Foi a primeira vez que puxei um motor desta forma e foi fantástico porque, normalmente, estamos parte do tempo a gerir as coisas. Muitas vezes baixo os modos do motor e a equipa diz-me para os elevar de novo e eu sempre a responder ‘não, não, não, prefiro ficar assim’ e depois encontrar outra forma de compensar. Calculo que seja receio de puxar demasiado pelo motor, depois do que me sucedeu o ano passado na Malásia…».
E mesmo arriscando-se a perder algum do brilho da corrida que fez em Interlagos, Hamilton explicou: «Se virem o que os tipos da frente, andaram a gerir os motores e isso é, habitualmente, o que fazemos quando estamos na frente. Não me parece que seja excitante para as pessoas verem. É por isso que quando analisamos as corridas mais emocionantes, são aquelas em que chove, porque não temos essas limitações. Como poderemos contornar isso para o futuro? Duvido que cortar o número de motores vá ajudar…».
Outra questão que aborrece Hamilton na actual F1 é o excessivo peso dos monolugares e que aumentará ainda mais no próximo ano, com a adopção do Halo: «O facto de termos os 100 kg de combustível a bordo vai tornar os carros tão pesados no próximo ano, vão ficar como um carro da Nascar… Tão pesados, as distâncias de travagem vão aumentar e teremos os travões sempre em chamas, nos limites. Sei que soa a discurso negativo, mas como piloto que quer ter um carro rápido e ágil com que possa atacar sempre, não é isso que temos».