O novo Mercedes W08 EQ Power+ – nome oficial do monolugar de Hamilton e Bottas para este ano – surpreendeu por contrariar a tendência dos carros já apresentados e não ter uma enorme «barbatana de tubarão» na tampa do motor, ficando-se por uma saliência mais pequena. Mas não quer dizer que não venha a ter uma pois, segundo Aldo Costa, líder do projecto do lado do chassis, «a aerodinâmica do carro que estará em Melbourne terá pouco a ver com a do carro que foi apresentado em Silverstone»!
Isto porque a Mercedes tem inúmeras configurações para experimentar, nomeadamente tampas de motor com «barbatanas de tubarão» de grandes dimensões e asas traseiras de desenho mais extremo. E começou mesmo ontem, quando Valtteri Bottas se estreou a guiar um Mercedes, experimentando um pequeno apêndice aerodinâmico em forma de T, à frente da asa traseira…
Quando interrogado quanto ao facto de o W08 não ter uma «barbatana de tubarão», Aldo Costa respondeu assim: «Não a tivemos… hoje. Mas é algo que iremos testar, sob diversas configurações e formas. Temos de perceber o que é que isso nos pode oferecer de vantajoso durante os testes de Barcelona e até à corrida de Melbourne. E teremos até uma configuração com um ‘capot’ mais longo e uma asa traseira bastante diferente».
Mas, afinal, para que servem as tais «barbatanas de tubarão» – há também quem lhes chame mais prosaicamente «velas de tampa de motor»… – e porque regressarem este ano? A sua aplicação data de 2008 e durou até 2011 e foi «inventada», adivinhe-se, por Adrian Newey já na Red Bull. Serve, em termos básicos, para «acalmar» o turbilhão de ar que é originado nas rodas e suspensões dianteiras, habitualmente designado por «ar sujo», de forma a que a sua passagem pela asa traseira seja mais eficaz.
Até ao ano passado, como as asas eram mais estreitas e, principalmente, mais altas, esse «ar sujo» passava por baixo do plano horizontal, não causando grandes problemas. Este ano, quando os novos regulamentos não só alargaram como, em especial, baixaram o plano horizontal superior da asa traseira, colocaram-no precisamente no caminho desse ar em turbilhão. É, pois, para que a asa traseira possa funcionar de forma mais eficaz que é adoptada a tal «barbatana de tubarão» que tem a capacidade de desfazer ou reduzir muito esses turbilhões, «limpando» o ar que chega ao plano superior do «aileron».
A Mercedes, para já, apresentou o W08 EQ Power+ com uma pequeníssima «barbatana». Mas basta olhar para a complexidade das suspensões dianteiras e para a quantidade de pequenos painéis e deflectores espalhados ao longo da carroçaria para perceber que houve logo aí uma tentativa de resolver o problema aerodinâmico da qualidade do ar que chega à asa traseira. Contudo, como Aldo Costa assumiu, a equipa está consciente de que pode não ser suficiente e mostra-se aberta à adopção de uma «barbatana» de maiores dimensões. Que, segundo disse, deverá ser testada em Barcelona.
Até lá, veremos qual a solução adoptada por Adrian Newey no Red Bull. Diz-se que poderá estar a preparar alguma coisa de diferente, por duas razões: a equipa fez alguma força nos bastidores para que estas «barbatanas» não fossem permitidas, supostamente em nome… da estética; e os carros da Red Bull, com o elevado «rake» que costumam ter (o ângulo entre e frente e a traseira), seriam os menos afectados com a redução da altura da asa traseira…