F1Flash.com - Página Inicial Descubra o izigo.pt

Propostas da FIA para motores de 2021: verdade ou… inconsequência?!

Acabar com os actuais motores V6 turbo híbridos a partir de 2021 e, sem voltar aos antigos V8 ou V10 (segundo defendeu Jean Todt), arranjar motores ainda mais potentes mas mais simples e baratos, com melhor sonoridade e com que os pilotos possam forçar mais os andamentos, sem preocupações de poupanças… Estas são as conclusões da reunião entre a FIA e os construtores de motores de F1, ontem realizada em Paris, com a presença de representantes de outras marcas potencialmente interessadas.

Se não houvesse um comunicado oficial da FIA, quase diríamos que as conclusões seriam… uma brincadeira de 1 de Abril! Porque, se as analisarmos, nada bate com nada e a única preocupação que parece ressaltar é acalmar as críticas do público e abafar as crescentes propostas vindas dos responsáveis da Liberty Media… Analisemos as conclusões da reunião anunciadas pela FIA, com o guião das discussões em torno dos futuros motores, a adoptar após 2021:

«O desejo de manter a F1 como o pináculo da tecnologia do desporto automóvel e um laboratório de desenvolvimento de tecnologia relevante para os automóveis de série; Trabalhar para que os futuros grupos propulsores sejam potentes, mais ao mesmo tempo mais simples e mais baratos de desenvolver e produzir; Melhorar o som dos grupos propulsores; O desejo de permitir aos pilotos de guiar a fundo em todos os momentos».

Estas premissas são tudo o que muitos fãs da F1 querem ler (em especial o que se refere ao barulho) e também uma resposta ao que a Liberty Media tem pedido, motores mais simples para nivelar o pelotão. Mas encerram uma série de contradições e incoerências que passaremos a tentar analisar.

Pretende-se abandonar os actuais motores que são, inequivocamente, o pináculo da tecnologia automóvel, tendo já atingido os 50% de eficiência energética, valor inimaginável há coisa de três a cinco anos! Em seu lugar desejam-se motores mais simples e baratos, mas igualmente potentes e que não sejam V8 nem V10… Prescindindo, mesmo que não totalmente, da componente híbrida como hoje a conhecemos, uma coisa é certa: a F1 irá afastar-se definitivamente do caminho que os automóveis de série estão a percorrer, com uma electrificação crescente e irrevogável, afastando-se por isso do anunciado papel de «laboratório»…

Por outro lado, o proporcionar aos pilotos que guiem a fundo em todos os momentos poderia ser feito desde já… Bastava aumentar o combustível disponível dos actuais 105 kg por corrida e o número de motores dos actuais 4 para 20 provas! Que será, certamente, o caminho a trilhar a partir de 2021, senão tivermos até os reabastecimentos de volta… Quanto ao aumento ou até à manutenção das potências actuais com motores mais simples e baratos e dispensando ou reduzindo a componente híbrida, cá estaremos para ver como será feito. De qualquer forma, são propostas na direcção de atirar para o lixo os 30% de redução de consumo conseguidos nestes últimos anos que, isso sim, foram um laboratório inestimável para a evolução dos nossos carros do dia-a-dia… E que vão totalmente contra o caminho de redução de consumos/emissões em curso!

Desta importantíssima reunião… que nada decidiu, apenas estabelecendo um guião para discussões futuras, Jean Todt, presidente da FIA, diz ter saído muito satisfeito: «Fiquei muito contente com o processo e com o facto de tantos envolvidos terem concordado numa direcção para o Mundial de F1 num tema técnico tão importante. Claro que agora teremos de nos sentar e trabalhar ao longo dos próximos anos para determinar em detalhe o que serão os motores de 2021, mas começámos com o pé direito».

Por fim, refira-se que, além de Ferrari, Mercedes, Renault e Honda, actuais fabricantes de motores de F1, outros construtores terão participado na reunião, como potenciais interessados numa futura participação. É público que o Grupo VW esteve presente e representado pelo actual presidente da Lamborghini, Stefano Domenicalli (ex-director desportivo da Ferrari). Consta também, mas sem confirmação, que houve uma marca nipónica presente e que a Cosworth e a Ilmor (de Mario Illien) também terão participado.

Partilhar Notícia.