Já se passaram mais de 23 anos sobre o trágico acidente que ceifou a vida ao grande Ayrton Senna mas há coisas que o tempo não apaga. E Adrian Newey revelou agora, para surpresa de todos, que ainda sente um certo sentimento de culpa pela morte do brasileiro, naquele dia 1 de Maio de 1994, em Imola!
A revelação aparece na autobiografia do genial projectista britânico que acaba de ser editada, sob o título «How to build a car» («Como construir um carro», numa tradução literal) e onde Newey volta, de forma breve, a um dos episódios mais dolorosos da sua longa carreira. Nesse tempo, era ele o projectista-chefe, responsável pelo desenho do Williams FW16 que Senna pilotava, quando saiu da pista na rapidíssima curva de Tamburello.
Na altura, muitas culpas foram atribuídas a uma alteração feita na coluna da direcção, a pedido do piloto, mas que teria sido mal feita levando a uma quebra que teria provocado a saída de pista. Newey e o seu superior hierárquico, Patrick Head, tiveram mesmo de responder perante a justiça italiana, mas acabariam ilibados de qualquer responsabilidade. Agora, quando Newey diz sentir um sentimento de culpa, frisa bem que nada tem a ver com o tal trabalho feito na direcção que, admite, não foi bem realizado.
E mostra-se certo disso porque, como conta no seu livro, as imagens da câmara do carro de Michael Schumacher, que seguia Senna mostram que o problema não foi da direcção: «O vídeo mostra que o carro desequilibrou-se na traseira. Mas pouco importa a razão da saída de pista, eu fui um dos criadores do carro que matou um grande homem. E aquilo que me dói mais é de ter falhado a aerodinâmica daquele carro, ao passarmos das suspensões activas para as passivas [por regulamento] tornámos o carro demasiado instável. Sem me sentir culpado, admiti sempre um certo grau de responsabilidade no desaparecimento do Ayrton», escreveu Newey numa autobiografia que promete ser dum dos livros mais procurados pelos amantes da F1!
