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G.P. da Rússia – Vettel na «pole», Ferrari na frente… há 9 anos que não se via!

História foi feita numa qualificação emocionante para o G.P. da Rússia! Há nove anos que não havia uma primeira linha da grelha dominada pela Ferrari mas hoje, em Sochi, Vettel e Raikkonen deram essa alegria aos «tifosi», garantindo que os carros vermelhos largarão na frente amanhã, para as 53 voltas da quarta corrida da temporada. Mais importante: tiraram todas as dúvidas que ainda poderia haver de que a Ferrari está no controlo das operações e que está «por cima», a obrigar a Mercedes a reagir, numa situação em que a equipa já não estava há mais de três anos!

A luta foi tremenda e emocionante, basta referir que os três primeiros da grelha ficaram separados por… 95 milésimos! A melhor sessão de qualificação do ano, em que o modo mais potente dos motores dos Mercedes não chegou para fazer face à competência de todo o conjunto do SF70H que parece à vontade em todas as condições, na parte rápida mas também na zona mais sinuosa da pista, onde Hamilton e Bottas perdiam tempo. «Sabia que seria apertado e, como fui o primeiro a cortar a meta, abri logo o rádio a pedir informações constantes sobre os outros. Mas quando me confirmaram a ‘pole’ senti-me na lua!», exclamou Vettel que obteve a sua segunda «pole» pela Ferrari (43.ª da carreira), após a de Singapura-2015… outra prova em que os Mercedes não acertaram com o funcionamento dos pneus!

Se as três vitórias no G.P. da Rússia sempre «saíram» da «pole», e atendendo à facilidade demonstrada ao longo de todo o fim-de-semana pelos Ferrari na gestão dos pneus e nas longas séries de voltas com os ultramacios com que arrancarão amanhã, como poderão os Mercedes sonhar em lutar pela vitória? Podem estar esperançados em aproveitar o efeito de aspiração nos longos 1029 m até à primeira travagem… na curva 2. Mas, a partir daí, mesmo que isso lhes corra bem, como fazer face a um Ferrari que trata tão bem os pneus e que permite à Scuderia jogar à vontade com a estratégia?!

Há nove anos, em Magny-Cours, a Ferrari monopolizou a 1.ª linha e acabou com uma dupla o último G.P. de França. Poderá repeti-lo amanhã?... «Amanhã será muito equilibrado, o Valtteri ontem teve um bom ritmo de corrida… Estamos de volta à primeira linha e, agora, espero que consigamos manter o bom ritmo na corrida», disse um Vettel que mantém sempre um discurso muito «à defesa».

A história da primeira parte do treino foi o terceiro tempo de Vettel, a menos de meio segundo de Bottas e a um décimo de Hamilton, utilizando pneus supermacios, face aos ultramacios dos Mercedes, teoricamente quase um segundo mais rápidos! Hamilton continuou a mostrar dificuldades no controlo do Mercedes… O despiste de Jolyon Palmer (Renault) e o pião de Pascal Wehrlein (Sauber) no último minuto afastaram-nos definitivamente do Q2, juntando-se a Stoffel Vandoorne (McLaren) – que largaria sempre de último, pela penalização de 15 lugares –, Marcus Ericsson (primeira prova em que um dos Sauber não passa ao Q2) e a um Romain Grosjean que não parou de se queixar do Haas nem se conseguiu entender com o seu carro…

O Q2, contudo, levantou uma questão nova quando, usando os mesmos pneus ultramacios, os Mercedes «explodiram» para dentro do segundo 33 – Bottas fez 1.33,264, menos 2,1 s que o recorde de Rosberg há um ano… e «deu» meio segundo a Hamilton! –, enquanto os Ferrari se mantinham à distância de sete décimos. Raikkonen ainda haveria de lançar maior preocupação ao chegar ao 2.º tempo... Porque havia uma «leitura» para a situação, dado tratar-se dos pneus com que irão iniciar a corrida e os Mercedes, para fazerem aqueles tempos, tiveram de fazer uma volta em bom ritmo para os aquecerem bem, antes da volta lançada em que os forçaram também. Os Ferrari conseguiram um tempo q.b. logo à primeira, o que significa que largarão com um pneu menos esforçado para a corrida…

Quanto à passagem ao Q3, Sergio Perez atacou mesmo no último minuto, garantindo que ambos os Force India passavam à fase decisiva, algo de que só Mercedes, Ferrari e Red Bull se podiam gabar… Bons tempos também de Massa (Williams) e Hulkenberg (Renault) e desilusão dos Toro Rosso que não conseguiram colocar nenhum carro no Q3, tendo ainda Sainz que recuar três lugares na grelha. Isso deixará Lance Stroll a largar de 11.º. Fernando Alonso mostrou-se frustrado por ter sido último no Q2, depois de se ter desfeito em elogios ao McLaren após o Q1…

O início do Q3 foi até surpreendente, com Raikkonen a superiorizar-se na luta Ferrari-Mercedes, mas o finlandês não conseguiria melhorar na segunda tentativa. «Podia estar na frente… Mas na última tentativa não consegui preparar bem os pneus devido ao tráfego na volta de saída e fiz um erro na última curva». Não bateu, assim, a marca de Vettel que o passara por 59 milésimos! «A sessão começou bem e sentia-me confortável mas, no Q2, senti-me perder o ritmo… No Q3 a primeira tentativa não foi boa e tive de arriscar tudo no final. O carro estava fenomenal, foi um prazer guiá-lo nestas condições de pouco combustível!», disse o alemão que tirou 2,3 s ao melhor tempo jamais feito em Sochi.

Os homens da Mercedes estavam visivelmente em baixo, semblantes carregados, já não sofriam uma derrota destas há muito tempo, desde a tal qualificação de Singapura-2015 em que também não conseguiram colocar os pneus a funcionar correctamente. Não foi, de facto, normal que precisassem de duas voltas para pôr os pneus supermacios nas condições óptimas de funcionamento, sendo que depois acabavam por lhes falhar já na fase final da volta cronometrada… «Os Ferrari são claramente mais rápidos, têm-no sido ao longo de todo o fim-de-semana», reconheceu Bottas que ainda foi o que mais perto ficou. «Lutámos bastante, melhorámos muito o carro, mas não foi suficiente. Aqui, largar da segunda fila não é muito mau, há um caminho longo até à primeira travagem…».

Hamilton estava visivelmente desanimado, em especial por ter ficado a mais de meio segundo de Vettel e longe de Bottas: «Não fui suficientemente rápido, tenho de ver porquê… Essencialmente é no último sector que estamos a perder, temos de perceber porquê, mas é onde os erros acontecem. Os Ferrari têm sido sempre mais rápidos, tanto numa volta como em condições de corrida. Esperemos que amanhã as coisas estejam bastante melhores!». De momento, as coisas não estão com boa cara para a sua luta no Mundial…

A luta pela «pole» foi de tal forma emocionante que quase ofuscou outra batalha bem interessante que se travou atrás do quarteto. Porque se Daniel Ricciardo voltou a ser o «melhor dos outros», Felipe Massa fez uma volta fantástica e, por cinco centésimos, «encravou» o seu Williams entre os dois Red Bull, batendo Max Verstappen! Que quase foi ameaçado também por Nico Hulkenberg! A luta no segundo pelotão vai ser igualmente interessante. Tempos da qualificação:

PosPilotoEquipaQ1Q2Q3
1 Sebastian Vettel Ferrari 1:34,493 s 1:34,038 s 1:33,194 s
2 Kimi Räikkönen Ferrari 1:34,953 s 1:33,663 s 1:33,253 s
3 Valtteri Bottas Mercedes 1:34,041 s 1:33,264 s 1:33,289 s
4 Lewis Hamilton Mercedes 1:34,409 s 1:33,760 s 1:33,767 s
5 Daniel Ricciardo Red Bull 1:35,560 s 1:35,483 s 1:34,905 s
6 Felipe Massa Williams 1:35,828 s 1:35,049 s 1:35,110 s
7 Max Verstappen Red Bull 1:35,301 s 1:35,221 s 1:35,161 s
8 Nico Hülkenberg Renault 1:35,507 s 1:35,328 s 1:35,285 s
9 Sergio Pérez Force India 1:36,185 s 1:35,513 s 1:35,337 s
10 Esteban Ocon Force India 1:35,372 s 1:35,729 s 1:35,430 s
11 Carlos Sainz Toro Rosso 1:35,827 s 1:35,948 s
12 Lance Stroll Williams 1:36,279 s 1:35,964 s
13 Daniil Kvyat Toro Rosso 1:35,984 s 1:35,968 s
14 Kevin Magnussen Haas 1:36,408 s 1:36,017 s
15 Fernando Alonso McLaren 1:36,353 s 1:36,660 s
16 Jolyon Palmer Renault 1:36,462 s
17 Stoffel Vandoorne McLaren 1:37,070 s
18 Pascal Wehrlein Sauber 1:37,332 s
19 Marcus Ericsson Sauber 1:37,507 s
20 Romain Grosjean Haas 1:37,620 s

Amanhã a corrida arrancará às 13 horas de Portugal Continental e Madeira e a partida será um momento particularmente espectacular: a curva 1 é praticamente… inexistente, apenas se travando e forte para a curva 2 que fica mais de um quilómetro depois da largada! É esta «cavalgada» impressionante que torna este arranque tão especial e onde se correm todos os riscos, mesmo se tudo se decide apenas… ao fim de 53 voltas aos 5,848 km do traçado de Sochi.

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