Valtteri Bottas conseguiu a segunda «pole position» consecutiva, ao ser o mais rápido na qualificação par o G.P. do Abu Dhabi, batendo Lewis Hamilton… «limpinho, limpinho»! Confirmou-se o domínio da Mercedes e a corrida de amanhã, sem nada em jogo, promete ser o primeiro duelo directo entre os dois «flechas de prata»… com um Sebastian Vettel mais perto e bem interessado em capitalizar para a Ferrari!
Pode até dar-se o caso de a corrida entre os dois pilotos da Mercedes depender totalmente do que acontecer a Vettel… Porque se houver algum problema com o Ferrari ou se o alemão se atrasar ao ponto de não conseguir ficar acima do 9.º posto, Hamilton nem tentará a vitória, abrindo a porta a Bottas. Nesse caso, o finlandês subiria ao 2.º lugar do Mundial (está a 22 pontos de Vettel), garantindo mais uma dupla para a Mercedes, o resultado de sempre, desde a adopção das motorizações híbridas, em 2014!
Mas este é um cenário altamente improvável, pelo que será interessante ver como Bottas irá defender a sua «pole» do ataque de Hamilton que, pela primeira vez, viu a sua posição de «rei e senhor» da Mercedes posta em xeque! É verdade que esta foi a quarta «pole» de Bottas mas, nas outras, em duas foram provas em que Hamilton não acertou com a afinação do Mercedes (o tal «feitio de diva») e a outra foi no Brasil em que o britânico tinha batido. Hoje jogaram ambos até ao fim, nas mesmas condições, com carros igualmente competitivos… e Bottas foi 0,17 s mais rápido! Hamilton há-de querer repor a (sua) «normalidade» na corrida de amanhã…
No Q1 foi Raikkonen a ameaçar o domínio dos Mercedes, ficando a apenas 0,097 s da melhor marca que foi feita por Bottas, estabelecendo novo recorde da pista (1.37,3), a bater Hamilton por escassos 0,035 s. Interessante foi o facto de os pneus ultramacios permitirem fazer duas voltas rápidas consecutivas, sem grande desgaste e Hamilton chegou a estar mais rápido mas entrou nas «boxes» sem a terminar… Os eliminados foram os dois Toro Rosso e os dois Sauber, além de Romain Grosjean (Haas), empurrado já depois da bandeirada, num último esforço de Lance Stroll (Williams).
A barreira do segundo 1.36 foi atravessada logo no início do Q2, primeiro por Bottas, logo seguido por Hamilton (1.36,742), a fazer menos dois segundos que a sua «pole» de há um ano! E com o finlandês, na segunda tentativa, a juntar-se ao britânico (a 0,08 s), os Ferrari começaram a ficar para trás… Notável foi o facto de os doze primeiros terem feito melhor tempo que a «pole» de Hamilton de 2016, o que dá a imagem correcta da rapidez dos carros de 2017. No último segundo, Massa (Williams) arranjou forma de se despedir da F1 com uma passagem ao Q3, expulsando Alonso (McLaren) que se juntou ao colega de equipa Vandoorne, a Sainz (que teve uma quebra de potência no Renault na última tentativa), o Haas de Magnussen e o Williams de Stroll.
Valtteri Bottas surpreendeu Lewis Hamilton logo no início do Q3 com uma super volta de 1.36,231 (2,6 s menos que a «pole» de 2016!), deixando o tetracampeão a 0,17 s e os Ferrari já a uma distância apreciável, a mais de seis décimos. Como iria Hamilton responder?... Até começou bem, ganhando um décimo no primeiro parcial, enquanto Bottas não melhorava o seu tempo. Mas o ganho do britânico viria a diluir-se ao longo do resto da volta e os pneus já não aguentaram o esforço exigido pelo terceiro sector mais sinuoso, cruzando a meta com mais dois décimos que o colega de equipa.
Que assim se tornou no primeiro finlandês a conseguir duas «poles» consecutivas desde Raikkonen… em 2006! «As coisas foram sempre melhorando ao longo dos treinos e na qualificação senti-me muito bem no carro. Felizmente que a primeira volta foi suficiente para garantir a ‘pole’», disse o finlandês que tem uma missão para amanhã: «Fiquei tão chateado no Brasil de ter conseguido a ‘pole’ e falhado a vitória… Tenho um objectivo muito específico para amanhã».
Hamilton nem teve palavras para explicar o seu tempo e, depois de um forte abraço, só elogiou Bottas: «Que volta incrível que ele conseguiu, parabéns ao Valtteri, fez um trabalho excepcional!». Quanto a Vettel, percebeu-se que não tinha andamento para acompanhar os Mercedes e que, uma vez mais, não haveria um Ferrari na primeira linha em Yas Marina. «É uma pensa estarmos tão atrás, mas foi uma boa sessão e penso que, amanhã, em ritmo de corrida, estaremos mais próximos, embora os Mercedes estejam muito fortes».
Raikkonen não gostou particularmente do comportamento do seu Ferrari e acabou até por ser surpreendido por Daniel Ricciardo, mesmo no último suspiro da qualificação, depois de uma longa evolução do Red Bull: «Ao longo da sessão fomos percebendo porque não estávamos tão rápidos como achávamos que podíamos ser. Passámos um Ferrari e, agora, estamos numa boa posição. Penso que, com pequenas alterações, poderemos estar na luta pelo pódio». Já Verstappen não se mostra tão animado… «Tenho estado o fim-de-semana todo a lutar com o carro e não percebemos onde está o problema…».
Desta vez o «melhor dos outros» foi o Renault de Hulkenberg, a bater os dois Force India – Perez 0,02 s mais rápido que Ocon… –, faltando agora ver se é desta que a equipa francesa consegue transformar uma boa qualificação num bom resultado de corrida. Porque, com Haas e Toro Rosso tão lá para trás, o 6.º lugar no Mundial está mesmo ali «à mão»! Tempos da qualificação:
A última corrida do ano começa amanhã, quando forem 13 horas em Portugal Continental e Madeira, para 55 voltas aos 5,554 km do traçado de Yas Marina. Depois, só no final de Março de 2018, na Austrália!
