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O Mercedes está «gorducho»… Ou a luta para manter os F1-2017 «na linha»!

Pode até ser o carro mais rápido do pelotão mas o Mercedes… está gordo! Na verdade, o W08 EQ Power+ está 5 kg acima do peso mínimo obrigatório o que, segundo os engenheiros, deverá representar cerca de 0,2 s por volta numa pista como a do Albert Park, em Melbourne. Esta foi uma descoberta do jornalista Michael Schmidt, veterano repórter da revista alemã «Auto Motor und Sport», que terá tido acesso aos pesos dos diversos monolugares, tendo revelado alguns dados interessantes.

Mas, primeiro, enquadremos a situação… Este ano, o peso mínimo obrigatório subiu de 702 para 728 kg (piloto incluído mas sem gasolina), para corresponder aos novos regulamentos: carros maiores, rodas maiores, tudo corresponde a maior peso. Mas não só e a verdade é que os projectistas se viram aflitos para conseguirem ter os seus carros abaixo do peso limite que é o que todas as equipas procuram ter. Para quê? Para, depois, colocarem o lastro onde mais lhes der jeito para melhorar o comportamento dinâmico do monolugar.

Este ano, contudo, o desafio foi grande. Começando pelas dimensões do carro, 20 cm mais largo e muitos deles mais compridos: calcula-se que cada 10 cm a mais de carro em comprimento signifiquem 2 a 3 kg mais e o Force India (um dos casos de «gordura» a mais…), por exemplo, teve a distância entre eixos aumentada em quase 28 cm! Nesse aspecto, o Williams é o carro mais curto do pelotão, pelo que não teve problemas de peso, apesar de contar com o mesmo motor de Mercedes e Force India. Consta também que as equipas com motores Mercedes pecaram por excesso no espaço necessário à refrigeração, pelo que ainda têm campo para ganhar… 2 a 5 kg!

Há ainda rodas maiores: cada conjunto pneu/jante significa mais 1 kg o dianteiro ou 1,8 kg o traseiro. E também os discos dos travões são este ano mais grossos, logo mais pesados. Por outro lado, para carros que curvam muitíssimo mais depressa, foi necessário reforçar suspensões, cubos das rodas, tirantes da direcção, apoios das asas e cada reforço a mais significa peso adicional.

Por fim, os motores… Este ano haverá 4 motores para 20 corridas, face aos 5 para 21 do ano passado, o que aumenta e muito a dificuldade. Isso obrigou a alterações nos grupos propulsores para garantir a sua maior fiabilidade, mas que passaram por recorrer a materiais mais pesados, argumento que também serve para a transmissão.

E há ainda o caso da Renault que acabou por anular o esforço que Red Bull e Toro Rosso tinham feito na contenção do peso dos seus carros que estavam 5 kg abaixo do peso-limite. No entanto, depois dos problemas surgidos em Barcelona com o novo sistema de recuperação de energia de travagem (MGU-K), a Renault decidiu jogar pelo seguro e, para Melbourne, montou o sistema usado em 2016 que dá garantias… mas é 5 kg mais pesado! E lá se foram os ganhos… Consta, contudo, que o carro da equipa oficial continua ligeiramente abaixo do peso mínimo.

Assim, Red Bull ficou no limite, estando Ferrari, Haas e Williams ligeiramente abaixo, compensando depois com os tais lastros. Já o Force India chegou a Barcelona… 10 kg acima do peso mínimo, algo inconcebível na Fórmula 1. Mas até chegar a Melbourne a equipa fez um notável trabalho (também com a ajuda da dieta severa de Sergio Perez) e, segundo consta, terá conseguido reduzir 13,5 kg ao conjunto, estando agora abaixo do limite.

De qualquer forma, com 728 kg mais gasolina, os F1 actuais estão já a ser considerados demasiado pesados, o que tem como consequência uma maior dificuldade de controlar o rolamento em curva, pela acção da força centrífuga. E comentadores que estiveram na pista durante os treinos de hoje disseram que se via a olho nu essa característica dos carros que pode acabar por ter influência negativa no próprio desgaste dos pneus ou, pelo menos, na forma como os utiliza.

Lewis Hamilton já foi citado como tendo dito que preferia até «ter menos apoio aerodinâmico mas que os carros fossem 100 kg mais leves». O peso sempre foi o maior inimigo dos carros de competição, mas a verdade é que, com as mecânicas híbridas e as exigências de reforço a nível de segurança nunca será fácil reduzir muito a massa destes monolugares. O pior será se, em 2018, se aplicar o sistema halo que significa mais uns 3 kg e, acima de tudo, colocados num ponto alto, totalmente contrário ao ideal para um bom centro de gravidade… Mas os engenheiros lá estarão para resolver mais esse problema.

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