Afinal a súbita falta de potência que poderá ter impedido Fernando Alonso de lutar por um lugar no Q3 não se terá ficado a dever a nenhuma falha mecânica do sistema híbrido da Honda – inicialmente apontou-se para a bateria – mas ao piloto espanhol… guiar depressa demais! Ao fazer as duas curvas de Pouhon a fundo, sem levantar o pé do acelerador como tinha feito nos outros treinos, Alonso baralhou o sistema que, depois, não lhe forneceu a energia extra que ele esperava!
Foi notório o trabalho de equipa da McLaren durante a qualificação, com os dois pilotos a colaborarem exemplarmente puxando, à vez, um pelo outro, oferecendo um cone de ar ao que vinha atrás para, assim, tentarem compensar o défice de potência. E se Vandoorne nem precisava disso porque largaria sempre do final da grelha, pela pesada penalização, a Alonso deu um jeitão o «puxão» do belga ao longo de toda a recta Kemmel, já no Q2.
O problema foi quando, entre as curvas 11 e 12, o espanhol esperava um «boost» de potência extra por parte do sistema eléctrico do grupo propulsor e este não apareceu. «Não tenho potência!», ouviu-se a sua voz frustrada pelo rádio, ao abortar a última tentativa de entrar no Q3, em que tinha hipóteses realistas. Mas afinal, depois de analisado o que se passara, os técnicos da Honda concluíram não ter havido nenhuma avaria…
O que sucedera então?... O sistema da Honda de entrega da energia suplementar em certos pontos da pista (calcula-se que são mais 160 cv) é gerido por um algoritmo que é definido pelo movimento do acelerador que define onde estão as rectas e as curvas da pista. De cada vez que o acelerador se eleva o sistema interpreta como estando a descrever uma curva, preparando-se para, logo de seguida, fornecer essa cavalagem extra.
Como estava a guiar nos limites, ao contrário do que fizera nos treinos livres, Alonso passou nas duas esquerdas de Pouhon com o acelerador a fundo – tornou-se uma das partes mais impressionantes do circuito com estes carros! –, tirando partido da qualidade do chassis McLaren. Mas, involuntariamente, criou um problema: o sistema híbrido interpretou o acelerador a fundo como o carro estando ainda numa recta, pelo que não preparou a entrega da potência extra de que Alonso necessitou na porção seguinte da pista…
E assim perdeu cerca de meio segundo e todas as possibilidades de passar ao Q3 por guiar… depressa demais! A Honda diz que vai agora alterar os procedimentos para evitar que isto se repita, mas esta é uma história incrível que dá uma ideia da complexidade dos carros actuais.