Fernando Alonso nem quis ouvir falar em testes de F1 no Bahrain e, logo após a corrida de domingo passado, tratou de se escapulir em direcção ao aeroporto. E para onde foi ele? Para o Dubai onde reside? Para a sua Oviedo natal? Nada disso, voou para o Qatar e, daí, directamente para os Estados Unidos para se envolver imediatamente na preparação das 500 Milhas de Indianápolis! Destino: precisamente Indianápolis, onde está sediada a equipa Andretti Autosport.
Hoje mesmo deverá estar já no simulador a conhecer o Dallara/Honda que irá tripular na mais famosa pista oval do Mundo embora, como facilmente se imagina, as informações sejam quase inexistentes. Mas é a prova de que o espanhol, neste momento, aplica-se a fundo em todos os Grandes Prémios – ainda no domingo o provou – mas que nada acredita nos progressos prometidos, pelo menos a curto prazo, pela Honda. E não perde, por isso, muito tempo em debates internos sobre o que há a melhorar…
O pouco que se sabe foi o que Alonso contou a Jose Maria Rubio, um dos mais veteranos jornalistas (e fotógrafo!) espanhóis da F1, que publicou no jornal «Marca»: «Agora vou concentrar-me um pouco nas 500 Milhas, ao longo de toda a semana, primeiro estudando um pouco, pôr-me em contacto com a equipa e ver pela primeira vez alguns dados da telemetria. Vou ver como se passam as coisas por ali. E também me fará bem arejar um pouco a cabeça!».
Já falta menos de um mês para o início das duas semanas da louca aventura em Indianápolis, desde o dia em que voará de Barcelona para iniciar longas sessões de treinos, ao fim-de-semana das qualificações e depois mais uma longa semana quase sem actividade em pista até à grande corrida no último domingo de Maio. Mas, pelo meio, ainda terá de correr os Grandes Prémios da Rússia e de Espanha.
Esta semana servirá também para conhecer os seus companheiros de equipa – Alexander Rossi, o «rookie» vencedor surpresa da Indy 500 em 2016, Takuma Sato, Ryan Hunter-Reay e Marco Andretti –, aquele que será o seu engenheiro de pista (trabalhou com Scott Dixon, vencedor em 2008) e todo o programa que foi estabelecido para a sua preparação para as 500 Milhas.
E como ali «ao lado» (ou seja, também em Indianápolis), fica a Honda Performance Development, o departamento de competição que a marca nipónica abriu nos EUA em 1993 e onde tem o simulador que mostramos numa das fotos, Fernando Alonso aproveitará para uma primeira experiência, ainda que virtual, no traçado do Indianapolis Motor Speedway, «ao volante» do Dallara/Honda. E custa a crer que não o levem a visitar o mítico traçado onde se corre desde 1911, assinalando-se este ano a 101.ª edição das 500 Milhas!
Mas não terminará aqui este primeiro contacto com a Andretti Autosport, equipa que esteve ontem na pista de Mid-Ohio a testar para a prova que se corre já no próximo fim-de-semana, no Barber Park, no estado do Alabama. E Fernando Alonso lá estará para acompanhar uma prova num traçado, digamos, convencional e para perceber como funciona a equipa durante uma competição, como se processa o trabalho de «boxes» (bem diferente do da F1), o sistema de «pace car» e o enorme jogo estratégico por trás de cada corrida dos IndyCars!
Alonso está já bem embrenhado no seu processo de aprendizagem das corridas americanas de do que são as 500 Milhas de Indianápolis e, pelo caminho, não pensa nos desgostos que vai sofrendo, fim-de-semana após fim-de-semana, com o seu McLaren/Honda. Afinal é também para isso que serve todo este plano engendrado por Zak Brown, na tentativa de o manter satisfeito para ver se o aguenta na equipa para 2018…