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Há 40 anos um turbo entrava em pista para revolucionar a Fórmula 1!

Quando hoje se iniciaram os treinos livres do G.P. da Grã-Bretanha, a Renault celebrou efectivamente o 40.º aniversário de uma presença quase ininterrupta no Mundial de Fórmula 1. No local certo, onde tudo começou, em Silverstone e, por uma daquelas coincidências, precisamente nos mesmos dias: 14, 15 e 16 de Julho!

Não que o nosso calendário dê uma volta perfeita a cada 40 anos, o que se passou foi que o G.P. da Grã-Bretanha de 1977, numa altura que ainda não havia um horário «standard» e os organizadores definiam mais ao menos a seu gosto quando queriam realizar a prova, se disputou a um sábado, com treinos na quinta e na sexta e até… pré-qualificações na quarta po haver 36 pilotos inscritos! Daí a feliz coincidência de a Renault pode comemorar os seus 40 anos de F1 nos precisos dias da sua estreia.

O trabalho, contudo, começara muito antes: o primeiro exemplar do motor 1.5 Turbo que viria a revolucionar a F1 fez o primeiro teste em banco de ensaios dois anos antes, em Julho de 1975; o baptismo de pista foi feito em Novembro desse ano, escondido num Sport-Protótipo A441; em 1976 foi construído um primeiro monolugar, o Alpine A500, para os primeiros testes de pista; e em Janeiro de 1977 foi, então, construído o Renault RS01 que seria apesentado em Paris, no espaço Renault dos Campos Elíseos, a 10 de Maio.

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A estreia ficou agendada para o G.P. de França de 1977, fazia todo o sentido… E o Renault RS 01 ficou pronto no início de Junho desse ano para três sessões de testes, já com Jean-Pierre Jabouille ao volante, em Paul Ricard, Dijon e Silverstone. Foram feitos dois mil quilómetros satisfatórios, mas havia sempre pequenos problemas que obrigavam a paragens, pelo que foi decidido adiar a estreia para a corrida seguinte, em Inglaterra.

Para Ecclestone, a chegada de um construtor como a Renault era o melhor que podia acontecer à Fórmula 1, de tal forma que arranjou um «salvo-conduto» à equipa francesa para a livrar das pré-qualificações. Isso provocou algum mal-estar entre as equipas britânicas – aquelas a que Enzo Ferrari chamava os «garagistas»… – que se manifestaram contra a entrada da Renault na Fórmula 1, através da sua associação de então, a F1CA! Também aí Ecclestone foi crucial para acalmar os ânimos.

E no dia 14 de Julho, faz por isso hoje 40 anos, a F1 via entrar em pista uma bizarria que há longos anos estava no regulamento técnico – a alternativa entre os V8 3.0 atmosféricos ou os motores V6 turbo de 1,5 litros –, mas que ninguém ousara experimentar. Mal sabiam os olhares desdenhosos que olhavam para o carro amarelo que estavam a assistir a uma das maiores revoluções tecnológicas da disciplina, o início da «era turbo» na Fórmula 1!

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A Renault aparecera apenas com um carro, um chassis feito do zero e o pequeno V6 de 1,5 litros com turbo projectado por François Castaing e Bernard Dudot com cerca de 490 cv. Mas a revolução não se ficava por aqui, pois também a Michelin chegava com os pneus de carcaça radial que já preocupavam a Goodyear (fornecedora quase exclusiva da F1) e que viriam também a marcar uma era.

Os treinos livres mostraram logo problemas de juventude do Renault, o turbo tinha um enorme tempo de resposta que complicava imenso a pilotagem de Jabouille. Talvez por se tratar de um turbo… de camião! Nessa noite foi trocado por um turbo da Garrett e, na qualificação, Jabouille foi 21.º, a 1,6 s da «pole» de Hunt, resultado razoável e dentro das previsões para a estreia.

Na corrida (a 16 de Julho, tal como a deste ano), Jabouille largou ao lado do Copersucar de Emerson Fittipaldi e até começou bem, ganhando uma posição. Mas à 12.ª volta partiu-se o colector de admissão, o que o obrigou a parar na «box». Ainda voltaria à pista mas, na 32.ª volta, o turbo falhou e o fumo branco fez as equipas britânicas sorrir com alguma sobranceria. Ken Tyrrell teria a famosa tirada de baptizar o Renault de «yellow tea pot», a chaleira amarela! Mal adivinhava que, sete anos depois, estaria a bater à porta da marca francesa para que lhe fornecessem… «chaleiras» para os seus carros!

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O pioneirismo da Renault mudaria por completo a face da Fórmula 1 ao fim de alguns anos, com a tecnologia turbo a tomar conta das pistas. Mas não só… A aposta da marca francesa teve também forte projecção nos carros do dia-a-dia, num dos casos mais paradigmáticos da passagem de tecnologia das pistas para as estradas. Ainda a F1 não estava totalmente convencida e já a Renault lançava modelos de estrada com turbocompressor, primeiro o R18 Turbo e o lendário R5 Turbo, em 1980, depois toda uma gama com os R11, R9, R21 e R25 a terem as suas versões de topo de gama e altas «performances» graças à inovação trazida das pistas de F1.

Com persistência, desde a sua estreia no G.P. da Grã-Bretanha que a Renault foi dominando a tecnologia da sobrealimentação por turbocompressor. E, menos de dois anos após a estreia, a 1 de Julho de 1979, conseguiu a primeira vitória, com Jabouille e os pneus Michelin… e logo no G.P. de França!

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