Será este o fim-de-semana de todas as decisões em relação ao possível (e já muito anunciado) divórcio entre a McLaren e a Honda? Do lado da equipa britânica, o seu director, Zak Brown, diz que pode esperar até meados deste mês mas, de repente, parece ser… a Toro Rosso a mexer as pedras do tabuleiro de xadrez! Porque a «equipa B» da Red Bull terá voltado a negociar com a marca nipónica mas impôs este fim-de-semana como «deadline» e se a Honda não formar uma parceria com a Toro Rosso para continuar na F1, então o divórcio com a McLaren será quase impossível!…
A McLaren, por seu turno, continua a trabalhar numa alternativa à Honda. Segundo rumores que corriam em Monza, a equipa terá enviado um alto representante ao Japão para se encontrar com a administração da Honda para negociar a separação. Ontem, após os treinos livres, o canal britânico «Sky Sports» apanhou o final de uma reunião de três elementos chave de Renault Sport na «motorhome» da McLaren: o presidente Jérôme Stoll, o director-geral Cyril Abiteboul e o conselheiro/embaixador Alain Prost foram filmados a sair do espaço da McLaren, na companhia de Ross Brawn, vice-presidente da Liberty Media para a parte desportiva e técnica, após uma reunião com Zak Brown e Eric Boullier.
Pelos vistos, Brawn está, de alguma forma, a mediar uma tentativa de aproximação da McLaren à Renault, procurando vencer a resistência da marca francesa em fornecer uma quarta equipa. E aqui entra de novo a Toro Rosso: se passar a ter motores Honda, a Renault volta a ficar só com três equipas mesmo que forneça a McLaren.
Para a troca ser possível, a Toro Rosso teria de se tornar a equipa oficial da Honda, o que significaria, calcula-se, receber os cerca de 60 milhões de euros que a McLaren tem encaixado por parte dos nipónicos todos os anos. E isso viria mesmo a tempo, depois das recentes declarações de Helmut Marko em que mostrava algum desencanto com os resultados da equipa italiana e vontade de a repensar… Além disso, a McLaren comprometia-se a fornecer as caixas de velocidades necessárias para funcionar com os motores Honda, para que a Toro Rosso não tivesse de as construir.
E do lado da McLaren, o que há a dizer? «Ainda pode cair para qualquer dos lados. Vai ser uma das decisões mais difíceis que a McLaren já teve de tomar na sua história», assumiu Zak Brown. «É tudo muito complicado, há uma quantidade de peças neste ‘puzzle’, umas que controlamos e outras não. Ainda temos alguns desafios pela frente».
Uma separação implicará não só a perda do financiamento de 60 milhões de euros anuais como, provavelmente, uma indemnização da McLaren à Honda… Mas Zak Brown diz que, neste momento, o sucesso desportivo é muito mais importante que os meros aspectos financeiros! «Temos de tomar a melhor decisão desportiva possível. Os negócios virão a seguir…».
A verdade é que, com os resultados destes últimos anos, a situação da equipa britânica não será a melhor, estando há pelo menos quatro anos sem um «sponsor» principal… «Estamos aqui para ganhar, portanto a decisão terá de ser desportiva. Não podemos não estar nos pódios! Felizmente que temos accionistas extremamente empenhados na nossa equipa, o que nos permite tomar as decisões desportivas e depois lidar com a parte económica».
Resta ainda perceber o que ganhará a McLaren com equipa-cliente da Renault… Porque a equipa oficial da marca francesa tem, no próximo ano, precisamente os mesmos objectivos, ou seja, começar a aparecer nos pódios. E não lhe apetecerá muito ter na McLaren mais um rival, além da concorrência que a Red Bull já lhe fará… E, neste processo todo, não terá a Red Bull uma palavra a dizer por, de repente, ter a McLaren com motores iguais aos seus?...
A não ser que… Outro rumor que sobrevoava o «paddock» de Monza é que a Toro Rosso poderia aceitar o acordo com a Honda esperançada de que, à quarta época, a marca nipónica acertasse finalmente com o seu grupo propulsor. E que construísse uma máquina verdadeiramente competitiva que pudesse ser passada também para a Red Bull que recuperaria assim o estatuto de equipa oficial! Posto perante esta «invenção», Christian Horner engasgou-se um pouco e reagiu apenas com uma frase, a sorrir: «Não deixa de ser uma bela história!»…