Será um comité executivo a liderar o McLaren Technology Group (que integra a McLaren Racing, a equipa de Fórmula 1), enquanto os accionistas maioritários não encontrarem um nome para substituir Ron Dennis na liderança, depois de o terem forçado a abandonar o cargo de presidente executivo. «Mantém-se, contudo, como accionista e director do McLaren Technology Group», esclarece um comunicado da empresa.
Que, depois de elogiar alongadamente o contributo de Dennis para os sucessos da McLaren, chegando mesmo a defini-lo como «o mais bem-sucedido líder da história da Fórmula 1», elucida: «Estamos agora à procura de um novo Presidente Executivo [CEO]. Até essa nomeação ser feita, a companhia será gerida, interinamente, por um Comité Executivo composto pelos accionistas maioritários do Grupo em colaboração com os directores e principais responsáveis da equipa que se mantém dedicados à empresa, aos seus parceiros e fãs, partilhando a paixão e determinação para construir um futuro próspero sobre as nossas forças».
Um comunicado que, no fundo, pouco diz, a não ser que a troca de poderes parecia não estar totalmente preparada por parte dos accionistas que detêm 75% do grupo – o fundo soberano do Bahrain Mumtalakat (50%) e Mansour Ojjeh, da TAG (25%) –, mais preocupados em afastar Ron Dennis rapidamente, depois de este ter falhado a tentativa de tomar o controlo, com a ajuda de investidores chineses…
Dennis acusou os seus sócios de utilizarem argumentos falsos para o afastarem mas houve aqui claramente uma guerra de poder em que o britânico atacou primeiro mas, não tendo conseguido vencer a parte maioritária, sofreu depois as consequências do contra-ataque… Independentemente da sua história à frente da McLaren e da forma como transformou uma equipa falida num império com um volume de negócios anual estimado em 950 milhões de euros!
«Em última análise, ficou claro para mim, por meio deste processo, que nem a TAG e nem Mumtalakat compartilham minha visão para a McLaren e seu verdadeiro potencial de crescimento. Mas a minha primeira preocupação é com o negócio que eu construí e aos seus 3500 funcionários», escreveu Ron Dennis numa declaração divulgada ontem, quando já se tornara evidente que a sua resignação era inevitável.
Dennis, contudo, continua a deter 25% do McLaren Technology Group, bem como 10% da McLaren Automotive, a empresa que faz os superdesportivos de estrada e em que tem também lugar no conselho de administração. Resta saber que influências terão estas movimentações na equipa de Fórmula 1, nomeadamente ao nível dos seus directores. Eric Boullier foi um homem contratado por Dennis para a liderança desportiva da equipa. Jost Capito assumiu recentemente a liderança da McLaren Racing, embora não seja claro qual a facção que o apoia…
Ron Dennis tornou-se líder da McLaren em 1981 quando, com outros sócios, comprou a maioria das acções da equipa a Teddy Mayer e Tyler Alexander. Dois anos depois, «desviou» Mansour Ojjeh que apoiava a Williams com a sua empresa Techniques d’Avant Garde (TAG) e que se passou para a McLaren, financiando primeiro os motores Porsche-TAG Turbo, antes de se tornar ele próprio accionista da equipa. Uma amizade que parece, agora, ter ficado pelos tortuosos caminhos dos negócios…