Era não só o primeiro objectivo como o primeiro grande obstáculo que Fernando Alonso tinha de transpor: a entrada no restrito grupo de nove pilotos, os «fast nine», que amanhã irão discutir entre si a «pole position» para a as 500 Milhas de Indianápolis e as primeiras nove posições da grelha! Para um «rookie» é um resultado notável, no final de um dia que o espanhol qualificou como «muito ‘stressante’».
Essencialmente porque se confirmaram as previsões meteorológicas e uma forte chuvada obrigou a adiar por várias horas o início das qualificações e a uma decisão radical da direcção de prova: apenas uma tentativa para cada piloto, em vez das duas habituais. Tudo para aumentar a pressão no estreante em quem se concentravam os olhares, mas é disso que Alonso gosta!
Quando a pista secou, até com o regresso do sol, os carros começaram as suas cinco voltas lançadas, a primeira para «aquecer» e depois as quatro cuja média dariam a velocidade final de qualificação. Alonso foi para a pista, fazendo a primeira volta em 230,337 milhas por hora, 230,260 a segunda, 229,845 a terceira e 229,696 a quarta, o que lhe deu uma média de 230,034 mph, ou seja, 370,12 km/h. Ficava com a terceira melhor média, a apenas… 0,06 km/h de Will Power!
«Foram quatro voltas muito intensas e só com uma tentativa foi um ‘stress’! Mas foram quatro boas voltas e só espero que tenham sido suficientes para ficar nos nove primeiros», dizia Alonso, pouco depois de sair do carro e quando faltavam ainda muitos pilotos tentar a sua chance. E deixava a promessa de, entrando na luta pela «pole», poder fazer ainda melhor: «Acho que o carro tem potencial para ser ainda mais rápido, hoje só terei conseguido extrair 90% do que ele tem para dar». No final, baixaria ao 7.º posto, mas bem dentro dos «fast nine» que irão lutar pela «pole».
Há muito que não se via um Fernando Alonso tão sorridente, mesmo se terminaria… em 7.º lugar, precisamente a posição que desdenhou quando lhe perguntaram, há algumas semanas, pela sua ausência no G.P. do Mónaco: «Ir ao Mónaco para lutar por um 7.º lugar, qual é o interesse?!». Ele há coincidências… Quanto ao que poderá fazer na sessão decisiva, o próprio Alonso assumiu não ter certezas pelas características tão específicas de Indianápolis: «É o único sítio em que podemos estar duas semanas numa pista com apenas quatro curvas e nunca conseguirmos fazer duas voltas iguais!».
A qualificação ficou marcada pelo violento acidente de Sebastian Bourdais que fora muitíssimo mais rápido que todos os outros pilotos nas duas primeiras voltas (ambas acima das 231 mph onde mais ninguém chegou!), mas perdeu o controlo do carro na curva 2, embatendo violentamente na barreira de protecção. O francês foi levado para o hospital, consciente, para efectuar diversos exames.
Com alguma surpresa, Ed Carpenter colocou um motor Chevrolet na frente, com uma média de 370,823 km/h, seguido por Takuma Sato (370,684) e Scott Dixon (370,606). A equipa Andretti Autosport, a de Alonso, conseguiu colocar quatro dos seus seis carros dentro dos nove primeiros, com Takuma Sato, Alexander Rossi, Fernando Alonso e Marco Andretti. A decisão da «pole» e dos nove primeiros lugares da grelha acontecerá a partir das 21 horas de Portugal Continental e Madeira. Antes, serão definidos lugares do 10.º ao 33.º, a partir das 19.30 horas. Sempre no mesmo esquema, da média das quatro voltas lançadas. Conseguirá Fernando Alonso candidatar-se à «pole» na sua estreia em Indianápolis? Seria uma proeza histórica!