Foram 37 anos de liderança em que conseguiu transformar uma equipa com nome na F1 mas em rápido declínio, com 100 empregados e valor estimado em três milhões de libras, num gigantesco império tecnológico e respeitado fabricante de superdesportivos, com 3400 trabalhadores e avaliado em 2,4 mil milhões de libras! Mas chega agora ao fim a ligação de Ron Dennis à McLaren, com a venda das acções que ainda detinha nas duas empresas que agora se juntam numa só, o McLaren Group.
Seis meses depois de ter sido afastado de presidente executivo do McLaren Technology Group (a empresa que, entre outras, detinha a equipa de F1), Ron Dennis sai, definitivamente de cena, ao vender os seus 25% naquela empresa, bem como os 11% que detinha na McLaren Automotive, companhia independente que fabrica os superdesportivos. Agora, as duas empresas vão juntar-se sob o «chapéu» do McLaren Group, cujo presidente executivo passará a ser o xeque Mohammed bin Essa Al Khalifa, do accionista maioritário, a «holding» Mumtalakat do Bahrain.
As relações entre Dennis e o seu ex-amigo Mansour Ojjeh, o franco-árabe da TAG, detentor de 25% e aliado da «holding» do Bahrain, deterioram-se de forma irreversível em 2014. Dennis tentou, então, reunir meios para recuperar o controlo total, comprando as partes dos outros dois accionistas, chegando a estar em contactos com dois grupos de investidores chineses. Foi quando as suas tentativas falharam que os seus sócios contra-atacaram e o afastaram da presidência do grupo. Agora, segundo consta por uma verba a rondar os 313 milhões de euros, afastaram definitivamente Ron Dennis do universo McLaren…
Ron Dennis tomou conta do Team McLaren em 1980, numa altura em que a equipa, já com dois títulos mundiais no currículo, atravessava um perigoso declínio financeiro. Juntou o seu projecto Project Four e constituiu a McLaren International. Foi a base de uma equipa de sucesso que viria a reconquistar vários títulos, com pilotos como Niki Lauda, Alain Prost, Ayrton Senna, Mika Hakkinen e Lewis Hamilton. Em 2010 fundou a McLaren Automotive para a produção de automóveis superdesportivos numa base regular e com uma gama completa, em vez de um lançamento esporádico como fora o mítico F1 ou colaborações com outros construtores, como o Mercedes SLR.
Ao fim de 37 anos – e 51 na F1, onde começou como mecânico da Brabham… –, Ron Dennis separa-se definitivamente da McLaren. De ambos os lados houve palavras elogiosas e desejos de mútuos de felicidades. Mas toda a gente sabe da amargura que pairava no ar…