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Tudo sobre a aventura de Alonso e McLaren nas 500 Milhas de Indianápolis!

A notícia caiu como uma «bomba», pelo inesperado, mas também pelo invulgar de um piloto de F1 abandonar o campeonato, falhando a mais emblemática prova, para «ir ali» fazer o gostinho ao pé, quase como por um capricho… Mas o que pode a McLaren recusar a Fernando Alonso?! A verdade é que o espanhol vai mesmo faltar ao G.P. do Mónaco, potencialmente aquele em que o McLaren até poderia andar melhor pela menor importância da potência do motor, para se estrear nas 500 Milhas de Indianápolis!

Esta participação é, aliás, assumida como sendo um regresso da McLaren a Indianápolis, onde a equipa já teve uma história de sucesso, tendo corrido entre 1970 e 1979, com duas vitórias, em 74 e 76 – curiosamente os anos em que foram campeões do Mundo de F1, com Fittipaldi e Hunt… –, sempre com Johnny Rutherford ao volante, além de um 2.º lugar em 75. «Estou muito feliz por ter conseguido levar a McLaren de volta a Indianápolis no meu primeiro ano como director executivo da equipa», referiu Zak Brown.

Claro que a McLaren não vai construir um carro para isso, tendo-se unido à equipa Andretti Autosport – Alonso vai, assim, ser… colega de António Félix da Costa que corre para aquela estrutura na Fórmula E! – que alinhará mais um Dallara DW-12 com motor V6 2.2 biturbo da Honda. Mas que terá um quarteto de pilotos que, por muito que possam dar alguma pistas ao «rookie» Alonso, não lhe irão facilitar a vida! Começando pelo vencedor da 100.ª edição, em 2016, Alexander Rossi, e continuando por Takuma Sato, Ryan Hunter-Reay e Marco Andretti.

Para Alonso esta aventura pode ser o começo da realização de um sonho: «Já ganhei duas vezes o G.P. do Mónaco [em 2007 com a McLaren] e uma das minhas ambições era conseguir a ‘Triple Crown’ [ganhar no Mónaco, Le Mans e Indianápolis], o que só Graham Hill conseguiu na história do automobilismo. É um gigantesco desafio, mas estou disposto a tentá-lo. Não sei quando correrei em Le Mans, mas algum dia o farei, só tenho 35 anos, tenho muito tempo para isso».

Já com duas vitórias no Principado, o espanhol pode bem falhar a prova deste ano para ir em busca de outro sonho… «Estou imensamente emocionado por ir correr em Indianápolis, uma das corridas mais famosas do Mundo, apenas rivalizando com Le Mans e o G.P. do Mónaco. Aqui não poderei correr este ano, mas será o único Grande Prémio que vou falhar, no Canadá já estarei de volta». A McLaren disse que anunciaria nas próximas horas quem irá substituir Alonso no Mónaco, mas não nos esqueçamos de que Jenson Button tem um contrato como piloto de testes e que se mantém em excelente condição física…

O carro de Alonso será inscrito como McLaren-Andretti-Honda e decorado no laranja-papaia que foi celebrizado pelo fundador da marca e que está hoje nos monolugares de Fórmula 1. Michael Andretti diz-se plenamente confiante no sucesso desta operação: «Vamos fazer tudo para ajudar o Fernando a atingir um dos maiores objectivos da sua carreira, uma vitória na ‘Indy 500’. A sua falta de experiência nas ‘superspeedways’ não me preocupa. Aliás, até acredito que as 500 Milhas de Indianápolis são uma das melhores provas para um estreante, por terem tanto tempo disponível na pista. E, como já demonstrámos, é uma prova que pode ser ganha por um ‘rookie’!».

Curiosamente, e mostrando que a «Indy 500» já fazia parte dos sonhos de Alonso há algum tempo, há um ano o jornal «Marca» perguntava a Oriol Serviá, piloto espanhol que já correu várias vezes na mais famosa oval do Mundo, o que achava dessa possibilidade: «Numa boa equipa e com bons colegas, não tenho dúvidas de que, com o seu talento para controlar corridas, poderia lutar pela vitória. O Fernando pode ser competitivo em qualquer campeonato de monolugares do Mundo! Em corrida é um leão!».

E como será a vida de Alonso em Indianápolis? «Nunca guiei um IndyCar nem nunca guiei numa ‘superspeedway’ [as ovais mais rápidas, com as curvas inclinadas], mas estou confiante em que me adaptarei rapidamente. Já vi muitas corridas pela TV e parece-me óbvio que é preciso uma incrível precisão para guiar naquelas pistas tão perto dos outros carros a 360 km/h!». O espanhol terá quatro dias de treinos, com uma sessão diária de seis horas, entre o meio-dia e as seis da tarde, a partir da segunda-feira seguinte ao G.P. de Espanha (15 de Maio) em que, graças à diferença horária, já poderá participar.

Ao quinto dia terá mais uma sessão de seis horas de treinos sintomaticamente designada por «Fast Friday», onde já todos andam a fundo, preparando as qualificações do fim-de-semana. O sábado, dia 21, começa com uma hora de treino, antes de uma tarde inteira para as primeiras qualificações que decidem a grelha do 10.º para baixo. No dia seguinte, domingo 22 de Maio, apelidado de «Armed Forces Pole Day» serve para os nove primeiros do dia anterior lutarem pela «pole», tendo quatro voltas para mostrarem o que valem.

A partir daqui, não se anda mais em Indianápolis até à sexta-feira seguinte, quando os pilotos que participarão na corrida têm direito a uma hora de pista naquele a que se chama o «Carburation Day». Serve, essencialmente, para os acertos finais dos carros em condições de corrida, com depósitos cheios e afinar a estratégias que serão decisivas para a prova. Todo um mundo fascinante que Alonso terá de descobrir, nomeadamente carros… «tortos», com diferença de altura entre o lado esquerdo e o direito, por só se curvar para a esquerda! A corrida, que será a 101.ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, realiza-se no domingo, dia 28, normalmente perante… meio milhão de espectadores!

«Sei que terei muito que aprender e para isso voarei directamente de Barcelona para Indianápolis assim que o G.P. de Espanha terminar para treinar com o nosso carro McLaren-Andretti-Honda, logo a partir do dia 15 de Maio. Esperando fazer muitos quilómetros todos os dias e sei como são bons os pilotos da equipa Andretti Autosport. Fico orgulhoso por poder pilotar com eles e espero aproveitar a sua experiência e os seus ensinamentos».

Esta é uma notícia não só inesperada mas ao arrepio da especialização a que temos vindo a assistir no desporto automóvel. Ao mesmo tempo, dá-nos aquele gostinho das corridas dos anos 50, 60 e 70, em que os grandes pilotos saltavam de categoria em categoria, guiando e vencendo nos carros mais diversos. Salta-nos apenas uma dúvida: no estado em que a equipa de F1 da McLaren se encontra e com a crise que atravessa, será a melhor decisão esta dispersão de atenções e desviar o melhor piloto logo na prova em que teria mais hipóteses de brilhar?...

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